COMEÇA HOJE A FEIRA DE BOLOGNA

COMEÇA HOJE A FEIRA DE BOLOGNA

A mais importante feira infanto-juvenil do mundo, aberta somente para os profissionais do mercado editorial, começa hoje e vai até a próxima quinta-feira, dia 25. Um dos estandes brasileiros será organizado pela CBL em parceria com a Apex-Brasil, por meio do projeto setorial Brazilian Publishers, com área de 96m². O outro ficará a cargo da FNLIJ (Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil), que já organiza a participação do Brasil na feira desde 1974. Entre as editoras presentes (Callis, Cosac Naify, DCL, Elementar, Manole, Melhoramentos, Pallas, Panda Books, Pinakotheke, Rideel, Todolivro), estão a Editora Positivo, que leva na bagagem meus livros Penas pro ar e Fantasma Equilibrista e a Editora FTD, que leva meu Janelas de dentro. Serão apresentados na feira mais de 809 títulos e 1.181 exemplares de livros.

TUDO O QUE MAIS QUERIA

TUDO O QUE MAIS QUERIA

Luana ama o mar, adora escrever e o que mais a incomoda é a sua falta de desejos, é saber que todas as coisas sempre estiveram ao seu alcance sem que nunca fosse preciso desejá-las. Carlos Henrique ama o mar, tem muitos desejos e acima de tudo uma enorme vontade de realizar seus maiores sonhos. As histórias de Luana e Carlos Henrique seguem paralelas: Luana em sua mansão, na praia; Carlos Henrique em sua casa, na cidade. Duas vidas aparentemente diferentes, mas com conflitos e anseios comuns. Tudo o que mais queriam era poder encontrar alguém para partilhar todo esse universo de possibilidades que é a vida de cada um deles.


Adolescência, Amadurecimento, Amizade, Relacionamentos familiares, Identidade, Infância, Literatura, Sonhos, Ética, Meio ambiente, Pluralidade cultural.

Autora: Tânia Alexandre Martinelli

Ilustrações: Allan Rabelo

Número de páginas: 80

Editora do Brasil

ISBN: 9788510047999

Ano de edição: 2010

Indicação: a partir de 12 anos 

JANELAS DE DENTRO NA FEIRA DE BOLOGNA!

JANELAS DE DENTRO NA FEIRA DE BOLOGNA!

Entre as 20 obras selecionadas, a editora FTD incluiu meu livro Janelas de dentro em seu catálogo internacional, elaborado para a Feira do Livro de Bologna, na Itália, que acontecerá entre os dias 23 e 25 de março. Todos os anos, editores, autores, ilustradores, produtores de TV e filmes, agentes literários e vendedores de livros se reúnem para comprar e vender direitos autorais, fazer novos contatos, discutir as últimas tendências do setor e descobrir oportunidades de negócios, além de encontrar o melhor em publicações infantis e produções multimídia. Coisa boa! O tema principal da minha história é o neonazismo. Sem dúvida, um assunto mundial. Se quiser conhecer o catálogo todo, é só acessar: http://www.ftd.com.br/Hotsite/Catalogo/Bologna/
REINAÇÕES DE JOSÉ MINDLIN

REINAÇÕES DE JOSÉ MINDLIN

Faleceu na semana passada, com 96 anos, José Mindlin, o homem que disse que trocaria sua notável biblioteca por 2/3 de sua vida para que tivesse tempo de ler mais.
O livro ao lado é de 2008. Comprei-o naquele mesmo ano na Bienal de São Paulo, quando o autor foi homenageado. Era esperado até que ele aparecesse para autografá-lo. Quanta honra! Mas, por problemas de saúde, foi enviado um representante seu. O livro é uma delícia, as ilustrações, que se mesclam às fotos de José Mindlin, seus pais imigrantes e seus irmãos, são lindas. Ali ele nos conta um pouco de suas peraltices, mas também – e como não? – seu amor pela leitura desde muito cedo. Esse amor o fez abrir em 1946, junto com o amigo Claude Blum, a Livraria Parthenon, especializada em obras raras. Acontece que eles dois mais a funcionária Marlise Meyer eram apaixonados por livros e toda a vez que vendiam um, ficavam tristes. Descobriu, claro, que isso não poderia dar certo nunca! Mais tarde conseguiu comprar de volta a maioria dos exemplares vendidos.
No final do livro, sua palavra. Seu conselho. Riquíssimo, valiosíssimo tanto quanto a sua biblioteca:

“Se vocês não se importam, acho que vou acabar. Só que, antes disso, gostaria de contar uma coisa que eu fiz em 1927, e que eu acharia ótimo que vocês também fizessem, mesmo que seja mais tarde: comecei a ir aos sebos de São Paulo para comprar livros! Foi assim que comecei a formar a biblioteca aqui de casa. Acho possível, vendo meus bisnetos de 5 anos, que vocês já tenham começado a formar a biblioteca de vocês – seria ótimo! Mas se ainda não começaram, pensem em fazer isso, porque ler e juntar livros é uma das coisas mais gostosas da vida!”

Segunda-feira passada, o programa Roda Viva, da TV Cultura, reprisou a entrevista feita com José Mindlin, em 2006. Como vale a pena ouvi-lo falar! A sua simplicidade, a sua cultura, a voz pausada, sempre calma, nos encanta. E nos faz ainda mais apaixonados pelos livros.
Se você não viu, poderá vê-la na íntegra em:
http://www.tvcultura.com.br/rodaviva/programa/pgm1040

A convivência com livros é muito agradável e quase que independente da leitura. A gente passa e os livros ficam, de modo que outros lerão os livros que não li.”

LIVROS E LEITURA

LIVROS E LEITURA

Uma pesquisa da Fecomércio, do Rio de Janeiro, divulgada pelo Estadão, na semana passada, apontou que nos dois últimos anos os brasileiros leram menos livros. A jornalista Evelise Rossi Bueno, do jornal O Liberal, de Americana, SP, conversou comigo a respeito. Leia a entrevista, na íntegra:

Sendo você a ponta do processo de leitura, o início da cadeia, o que acha dessa estatística? Você também sente isso na prática, Tânia?

No meu ponto de vista, estatísticas nem sempre conseguem abranger toda a realidade. É fato que o Brasil, de um modo geral, tem um menor número de leitores quando comparado a outros países. Isso é indiscutível. Mas o que dizer de algumas cidades do Rio Grande do Sul, por exemplo, onde o número de livros por habitantes se equipara aos da Europa? Das grandes livrarias que estão sempre lotadas? Evidentemente, o ideal seria que isso ocorresse em todas as regiões do país. Ainda há cidades onde sequer existem bibliotecas. Mas eu acredito que um bom trabalho de educação, incentivo e políticas governamentais sérias façam todo o Brasil chegar lá. Já existe um trabalho de base sendo feito nas escolas nesse sentido. E o resultado é que tenho percebido exatamente o contrário dessa estatística. A cada ano que passa, há mais leitores. Só para citar um exemplo, meu livro Perseguição, cujo tema é o bullying, tem 6 meses de lançamento e já está na 3ª tiragem.
Como escritora de livros infantis e juvenis, acredita que uma possível solução do problema esteja nesta faixa etária? Tem trabalhado esse estímulo?

Com raras exceções, não há adulto leitor que não tenha sido uma criança, um adolescente leitor. Por isso é fundamental o trabalho dos professores e pais – não devemos nunca nos esquecer de que o primeiro contato da criança com o livro deve ocorrer em casa, muito antes da idade escolar. Uma família que lê, conta histórias, leva o filho a bibliotecas e a livrarias, certamente transmitirá à criança o gosto pela leitura. O amor pelos livros deve começar cedo. No meu trabalho como escritora, também tenho estimulado a leitura em escolas e feiras de livros através das palestras, bate-papos e também através de e-mails que recebo de leitores e professores de todo o país.

Na sua opinião, quais podem ser os perigos para uma população que lê menos a cada dia? Como isso pode ser mudado?

Uma pessoa que não lê tem uma visão muita estreita do mundo. Não vivencia novas experiências, não ganha riqueza de vocabulário, não consegue se expressar, tanto verbalmente quanto por escrito. As dificuldades são vistas a todo momento, seja através de um jovem que necessita escrever um texto para a escola ou vestibular, seja através de um adulto que precisa redigir um e-mail em seu trabalho. Quantos se expressam com clareza? Quantos se comunicam e se fazem entender? Há ainda outro ponto, este cultural: o valor dos livros. O que o livro significa para cada família? Qual o valor que lhe é dado? É passada uma imagem de que o livro enriquece, apaixona, move o mundo ou a de que o livro é caro, supérfluo, descartável?
É algo sério a se pensar.
QUADRINHO QUADRADO

QUADRINHO QUADRADO

O quadrinho acima, do cartunista e quadrinista Caco Xavier (também filósofo e antropólogo), fez parte de uma das questões de Português da Fuvest, do ano que passou. Quando vi, achei o máximo. Não é que o Caco está coberto de razão? Enquanto o texto não sai do computador e vai finalmente para a editora (e nem estou falando da publicação em si, falo da análise do editorial ainda), não há meio de pararmos de ler, reler, cortar, acrescentar, trocar, e ler e reler e ler e reler… Tem hora que parece que isso não vai ter fim nunca. Mas não é só um alívio, como o Caco nos mostra. Não há como deixarmos de sentir uma certa tristeza. É a hora da despedida. Do texto, dos personagens. Que dor. Acho que é isso também. Enquanto lemos e relemos temos todos os nossos personagens conosco, debaixo dos nossos olhos, muito dentro de nós. Depois, eles se vão. Talvez sejamos uns egoístas nessa hora. Mas, ai! Que saudade já.