O livro ao lado é de 2008. Comprei-o naquele mesmo ano na Bienal de São Paulo, quando o autor foi homenageado. Era esperado até que ele aparecesse para autografá-lo. Quanta honra! Mas, por problemas de saúde, foi enviado um representante seu. O livro é uma delícia, as ilustrações, que se mesclam às fotos de José Mindlin, seus pais imigrantes e seus irmãos, são lindas. Ali ele nos conta um pouco de suas peraltices, mas também – e como não? – seu amor pela leitura desde muito cedo. Esse amor o fez abrir em 1946, junto com o amigo Claude Blum, a Livraria Parthenon, especializada em obras raras. Acontece que eles dois mais a funcionária Marlise Meyer eram apaixonados por livros e toda a vez que vendiam um, ficavam tristes. Descobriu, claro, que isso não poderia dar certo nunca! Mais tarde conseguiu comprar de volta a maioria dos exemplares vendidos.
No final do livro, sua palavra. Seu conselho. Riquíssimo, valiosíssimo tanto quanto a sua biblioteca:
“Se vocês não se importam, acho que vou acabar. Só que, antes disso, gostaria de contar uma coisa que eu fiz em 1927, e que eu acharia ótimo que vocês também fizessem, mesmo que seja mais tarde: comecei a ir aos sebos de São Paulo para comprar livros! Foi assim que comecei a formar a biblioteca aqui de casa. Acho possível, vendo meus bisnetos de 5 anos, que vocês já tenham começado a formar a biblioteca de vocês – seria ótimo! Mas se ainda não começaram, pensem em fazer isso, porque ler e juntar livros é uma das coisas mais gostosas da vida!”
Segunda-feira passada, o programa Roda Viva, da TV Cultura, reprisou a entrevista feita com José Mindlin, em 2006. Como vale a pena ouvi-lo falar! A sua simplicidade, a sua cultura, a voz pausada, sempre calma, nos encanta. E nos faz ainda mais apaixonados pelos livros.
Se você não viu, poderá vê-la na íntegra em:
http://www.tvcultura.com.br/rodaviva/programa/pgm1040
“A convivência com livros é muito agradável e quase que independente da leitura. A gente passa e os livros ficam, de modo que outros lerão os livros que não li.”