PENA QUE VALE A PENA

Diferente e interessante. Na cidade de Presidente Venceslau, interior de São Paulo, aquele que se envolver em crimes leves poderá optar pelo pagamento de uma pena alternativa: a doação de livros infantis para os cerca de 4 mil alunos das 16 escolas municipais da cidade.
O autor da ideia é o juiz Silas Silva Santos. A doação de livros substitui outras penas como doação de cestas básicas ou prestação de serviços comunitários.
Desde março, 14 acusados doaram 648 livros infantis à Secretaria Municipal de Educação. Serão beneficiados os acusados de violações leves, como calúnia, desacato e outros, condenados a até 2 anos de prisão.
Quem sabe os livros estimulem positivamente não só as crianças que irão receber as doações, mas também os próprios doadores?
PERNAMBUCO, CULTURA E ARTE

PERNAMBUCO, CULTURA E ARTE

RECIFE

Visitei algumas cidades de Pernambuco, na semana que passou. Gostei não só de seu litoral belíssimo, como também de tudo relacionado às artes e ao folclore da região.
Esses prédios, tombados pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco, se localizam no Recife antigo. Ali também se encontra o Marco Zero, local onde a cidade nasceu, no século XVI. Durante mais de um século, o lugar acima, onde é a Casa da Cultura de Pernambuco hoje, abrigou a penitenciária de Recife. Agora, o que vemos nas antigas celas são inúmeras lojas de artesanato. Uma das celas ainda está intacta como lembrança de “um tempo que não deverá voltar jamais.” Literatura de Cordel: presença forte no nordeste brasileiro.

Sua primeira feitura
Na Europa aconteceu
Tipógrafos do anonimato
Botaram o folheto seu
Pra ser vendido na feira
E assim se sucedeu

Foi Portugal que lhe deu
Este nome de cordel
Por ser vendido na feira
Em cordões a pleno céu
Histórias comuns, romances
Produzidos a granel

Foi o Nordeste o local
Que lhe brasileirisou
Nos sertões familiares
Dos sertões onde chegou
Levando alegria ao povo
Pela voz do cantador.

(trecho de A História da Literatura de Cordel, de Abdias Campos)

Casal de Noivos, do artista Elias Vitalino (neto do mestre Vitalino) e Passista, do artista Mário Viana.

INSTITUTO RICARDO BRENNAND

Quando criança, Ricardo Brennand ganhou um canivete de seu pai. Esse presente foi o início de uma vida de colecionador. Brennand foi reunindo facas, adagas, armaduras, objetos de arte vindo de todas as partes do mundo. Construiu dois castelos (há outro sendo construído), no estilo Gótico-Tudor, para abrigar suas preciosidades, muitas delas feitas por artesãos que atendiam aos nobres e senhores feudais entre os séculos XVI e XIX.

Nos jardins, uma réplica de O pensador, de Rodin. À direita, escultura do colombiano Fernando Botero.
OLINDA

Assim que se alcança o Alto da Sé, os meninos de Olinda vêm logo dizer o significado de Olinda: Duarte Coelho teria dito, ao se deparar com o lugar: “Oh, linda visão para se construir uma vila!” Verdade ou não, não dá pra gente negar essa afirmação.

Igreja da Sé, a principal igreja de Olinda.

A Ladeira da Misericórdia.

IGARASSU

A igreja mais antiga do Brasil hoje é a Igreja dos Santos Cosme e Damião, de 1535, declarada Patrimônio Histórico Artístico Nacional.Rua do Sítio Histórico de Igarassu. Não é permitida a mudança na fachada das casas, apenas nas cores.

TAMANDARÉ, PRAIA DE CARNEIROS

Chegando a Carneiros, pelo Rio Formoso, a bela visão da Igreja de São Benedito, do século XVI. Na primeira foto, com a maré baixa, vemos o rio. Na segunda, mar e rio não se distinguem mais.

ILHA DE ITAMARACÁ

O Forte Orange, fotografado da ilha da Coroa do Avião, foi construído em 1631, após a invasão dos holandeses na ilha de Itamaracá.
Em frente à ilha de Itamaracá, fica a Coroa do Avião. Uma pequena ilha, que é um paraíso. Desse lado, o oposto da praia, um vento que, junto a essa visão desértica, passa-nos a impressão de que estamos no fim do mundo!
Lugar perfeito para um descanso, não?

EDIFÍCIO MARTINELLI

EDIFÍCIO MARTINELLI

No mês passado estive no Edifício Martinelli, o 1ª arranha-céu de São Paulo, com 30 andares e 130 metros de altura, que agora foi aberto ao público para visitação monitorada. Ele foi projetado e arquitetado por seu proprietário, o italiano Giuseppe Martinelli e inaugurado em 1929. Para mim, teve um sabor especial, principalmente por causa do livro O último mamífero do Martinelli (1995), do escritor Marcos Rey, que eu admiro muito. Tenho várias obras dele, tanto para o público juvenil quanto adulto. Seus romances, ambientados na São Paulo dos anos 50, 60, são deliciosos de ler. Sou uma superfã. Infelizmente, sua produção terminou em 1999, data de sua morte, aos 74 anos. Deixou-nos personagens marcantes, de todos os tipos. Seus livros continuam sendo relançados e são sucesso de público até hoje.
Enfim, depois de uns bons anos, reli O último mamífero do Martinelli para a minha visita ficar mais emocionante. E ficou. Imaginei-me seu personagem, um homem solitário que buscava refúgio no edifício, fechado há algum tempo aguardando reforma (entre as décadas 60 e 70, época de sua decadência, o prédio foi invadido, servindo para pequenos comércios, ponto de venda de drogas, contrabando, e por aí vai, até que os invasores foram retirados pela prefeitura e o prédio reformado e entregue em 1975). Seu personagem, procurado pela polícia, na época da ditadura, vai morando lá, encontrando objetos nos apartamentos que lhe rendem algum dinheiro para a sobrevivência. Faz relação dos objetos aos possíveis antigos moradores, acaba vendo nisso mais que um passatempo detetivesco para os seus dias de solidão, mas também um prazer.
Esta é a Casa do Comendador, no 26º andar, onde morava o senhor Giuseppe Martinelli. Contam que ele construiu a sua casa no alto para que ninguém duvidasse da segurança do edifício. Aqui, o piso de mármore carrara, trazido da Itália, na época, é original. Na foto, eu e o Jo. Quem é que não se imaginaria o próprio personagem de Marcos Rey nas suas pesquisas pelo edifício? “Marcos Rey vive infinitamente em todas as suas obras.”

Quem gosta de história e arquitetura (também literatura!) não pode perder. As visitas ao Edifício Martinelli são agendadas através do site:
http://www.prediomartinelli.com.br/visitas.php
DESCALÇA

DESCALÇA

Descalça é o primeiro livro de poesias de Michelle Trevisani, publicado pelo Clube dos Autores. Michelle, minha ex-aluna, muito querida, me colocou na dedicatória do livro. Fiquei muito, muito feliz com a lembrança. Eu e a Michelle nos correspondemos de vez em quando, trocamos ideias, e vejo como as palavras estão cada vez mais ricas em seus poemas.
Ricardo Azevedo me deu a honra de ilustrar meu primeiro livro, Violeta, em 1998. Na 4ª capa, ele escreveu:

“O primeiro livro é sempre uma nova porta que se abre diante de nós. Para onde iremos? Qual será nosso próximo passo? Quantos caminhos para tomar! Espero que para essa jovem autora de Americana o caminho seja longo, rico e sólido.”

Querida Michelle, o mesmo desejo vai agora para você. Vida longa ao Descalça!

Aqui vai o poema tema do livro:

Descalça

Desalinho teu coração, com a ponta dos dedos
Danço valsa das mais leves, romântica e atraente
Desfaço-te em suspiros,
Debruço-me e beijo-te – te vejo arrepiar do dorso ao pé.
Digo-te que te amo – me chama bailarina de sonhos
Desenhando com a sapatilha um arranhado de desejos.
Descalça – descanso-me em teu beijo.

Michelle Trevisani

O blog da Michelle é http://www.descalcapoesias.blogspot.com/.
Os livros estão à venda pelo site do Clube dos Autores.

BIENAL DO LIVRO EM DOIS MOMENTOS

BIENAL DO LIVRO EM DOIS MOMENTOS

QUARTA-FEIRA, 18:
Passei a manhã, e também parte da tarde na Bienal, conversando com um, conversando com outro. Bastante gente por lá, muitas escolas. Bom, eu achava que era bastante gente. Ainda não tinha visto nada.
A palestra das 15:00h, no Salão de Ideias, foi com dois escritores que admiro muito: Rodrigo Lacerda e Jorge Miguel Marinho. Já conheço os livros do Jorge Miguel Marinho há muito tempo, fiquei sua fã com “O Cavaleiro de Tristíssima Figura”, livro que li há uns 10 anos mais ou menos. Outro maravilhoso, “Lis no Peito, um livro que pede perdão”.


Já a literatura de Rodrigo Lacerda conheci no ano passado com “O Fazedor de Velhos”, que me encantou. Tanto, que em seguida comprei seu romance “Outra Vida”, que ainda estou lendo. E gostando!
Foi muito bom tê-los ouvido falar!

Um pouco antes, quando estava a caminho da palestra, que surpresa boa! Deparei-me com um Perseguição ampliado exposto no estande da Editora Saraiva. Não resisti, tirei foto e tudo. Adorei!

PEREGRINAÇÃO PARA VER A LYGIA
Sábado, 21.
Começou aqui, em Americana, quando nos informaram (a mim e a meu pai) que não havia mais passagens para o horário das 10:00h, apenas para às 12:00h. 12:00? Aí não dá tempo! Sorte, conseguimos um outro ônibus, às 10:30h, mas que passava por mais 2 cidades.
Chegamos em São Paulo quase às 13:00h! A fila para o ônibus que ia até a Bienal era imeeeeensa. Mas, ainda bem, estava tudo organizado, um ônibus a cada minuto e chegamos no Anhembi, às 13:15h.
Fomos ao Salão de Ideias, eu sabia que a senha começava a ser retirada duas horas antes (a palestra da Lygia Fagundes Telles estava marcada para às 17:00h), mas não custava perguntar se algo havia mudado. Não havia. O único detalhe é que a essa hora umas quatro pessoas já se encontravam na fila.
Eu e meu pai fomos comprar um lanche e um refrigerante (fila, fila, fila) e voltamos. Mais gente sentada no chão. Sentamos também, comemos nosso lanche, demos licença para as pessoas que queriam tirar foto com a Clarice (um painel lindo!) – a Clarice Lispector e o Monteiro Lobato foram os homenageados desta Bienal.
Três horas, retiramos as senhas. Fomos à Companhia das Letras – toda a obra da Lygia foi reeditada por esta editora – e esperamos mais um pouco na fila do caixa. Infelizmente, o autógrafo não foi possível, Lygia estava bem cansada.
Demos uma volta, a Bienal estava intransitável!, e às quatro horas, um pouco antes, voltamos para o Salão de Ideias – claro que já tinha gente esperando! – e lá ficamos até às cinco.
Portas abertas, sentamos na terceira fileira.
Vi a Lygia entrando, as pessoas se levantando, fotografando, ela sempre sorrindo, amável, linda. Posso dizer, sem dúvida alguma, que foi a palestra mais emocionante a que já assisti. Conhecer a Lygia Fagundes Telles, aos 87 anos, e ouvi-la falar com tanto amor de seus livros, de seus personagens, da dureza da despedida quando chegamos ao final de um livro (tenho que me incluir nessa tristeza) é, de fato, espetacular.
Com toda a sua humildade de estrela que é, disse-nos duas vezes uma frase de Monteiro Lobato: Que o escritor brasileiro morre pobre e ignorado. “Não sou rica, mas ignorada… Saio daqui com esperança, com o coração aquecido.”

Bravo, Lygia. Meu coração também.

Eu e meu pai, Luiz Alexandre. A chegada.
À esquerda, meu pai, apaixonado por livros, que sempre me motivou a ser leitora. À direita, Lygia se despedindo e, ainda assim, atendendo aos seus leitores, com carinho.
Escrevo para esquecer de mim mesma.


A entrevista da Lygia está disponível no youtube. Para assistir, clique aqui.