Saramago percorre esse caminho durante a narrativa, nos provoca com um final surpreendente e nos deixa a certeza do grande escritor que foi. Certamente, a vida eterna seria um problema, mas nos parece que sempre é cedo para uma pessoa de tão grande talento partir.
Na entrevista ao Roda Viva, da tevê Cultura, de 2003, reprisada no último domingo, Saramago termina falando sobre o compromisso sentido com seus leitores. Que não é possível ficar indiferente quando se tem um público de 4 mil pessoas no Teatro Colón, em Buenos Aires, e saber que ainda 1000 pessoas se encontravam lá fora porque não conseguiram entrar. Ele diz ainda que um livro sempre precisa estar acima da nossa compreensão, inclusive quando se refere às crianças. Porque o leitor, mesmo a criança, vai buscar essa compreensão, não duvidemos disso.
As cinzas do escritor serão colocadas nos jardins da sua Fundação em Lisboa, junto com uma placa:
trecho do livro Memorial do Convento, declarada outras vezes por ele como sua obra preferida.