A todos, é o que eu desejo.

ESPERANÇA, Mário Quintana.

Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E
– ó delicioso voo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança…
E em torno dela indagará o povo:
– Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarzinho, para que não esqueçam:
– O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA…

(Nova Antologia Poética, Editora Globo, São Paulo, 1998, pg 118).