Tenho pensado muito nesses tempos.
Tenho chegado a perguntas sem respostas,
tentando sempre colocar o meu corpo
à margem de novas conquistas.
Tenho feito muito pouco,
lendo jornais e visitado velhas memórias.
No mais, tenho estado com pessoas normais,
velhos ancestrais dependurados
nas paredes de um submundo.
Grandes momentos aqueles,
em que não existiam quadros nem molduras
para encadearem o meu pensamento.
Ia solto, tolo, correndo, atropelando-se.
Ia simples e governante.
Tenho feito muito pouco,
quase nada.
Grandes decisões ficaram para tomar,
guardadas em antigas agendas
que o tempo se encarrega de consumir.
Atropelos, marchas rítmicas, canções de adeus.
Velhas memórias semidiluídas,
como se bastasse colocar a vida inteira
num copo de água para tornar a própria vida
rarefeita, suave.
Tenho feito muito pouco,
quase nada.
E ainda assim, esforço-me para erguer uma única taça
em memória às velhas memórias,
a um único guia telepático que o meu pensamento
promove,
a uma única canção que com certeza permanecerá.
Brindemos.
Tânia Alexandre Martinelli
Meus Poemas,
em 10 de setembro de 1987